Exorcismo de Tanacu, história por de trás do filme Crucifixion - Paranormal #4
Há uns meses surgiu o trailer de The Crucifixion, o trailer está fantástico, a verdade é que ainda não tem data de lançamento. O filme conta a história de uma jornalista investigativa cética que vai à Roménia, investigar a morte de uma freira num suposto exorcismo. O filme é do produtor de The Conjuring e Annabelle, veja o trailer:
O filme diz-se baseado em factos reais, mas claro que os factos nunca são iguais ao filmes, até porque se fossem o filme era uma dramatização histórica. Mas qual é a verdadeira história por trás deste filme? Foi um caso conhecido como Exorcismo de Tanacu, o blog Atrás da Porta pesquisou e conseguiu chegar a um resultado razoável, mas seria muito mais completo se tivéssemos a ajuda de um falante de romeno, infelizmente não conhecemos nenhum. Então este post baseia-se no conhecimento disponível em inglês e português na web, as fontes estão no final.
Maricica Irina Cornici nasceu em 1981 na Roménia, numa família destruída, após o suicídio do seu pai, por isso ela e o irmão cresceram num orfanato. Aos 19 anos mudou-se para a Alemanha onde trabalhou como ama (babá). Depois voltou para a Roménia onde continuou a exercer a mesma profissão até que a sua amiga do orfanato, que recentemente tinha-se tornado uma freira, encorajou Irina a juntar-se a ela num mosteiro em Tanacu.
Em Janeiro de 2005, aos 23 anos, Irina mudou-se para o Mosteiro da Santa Trindade de Tanacu. O mosteiro ortodoxo romeno fica na pequena comunidade de Tanacu, que é composto por duas aldeias Tanacu e Benești e fica no condado de Vaslui, no nordeste da Roménia.
O mosteiro era gerido por o padre Daniel Petre Corogeanu, na altura com 29 anos, que tinha vários problemas com a diocese devido à sua maneira de ver a religião, quando em 2003 o bispo foi ao mosteiro ler-lhe o direito canónico, que são regras para o governo da organização cristã e seus membros, ele reagiu dizendo que essas leis não eram válidas porque eram invenções maçónicas do século XIX. No mosteiro o padre tinha residente uma comunidade de freiras que eram completamente devotas a ele.
Pouco tempo depois de se juntar ao mosteiro, Irina começou a soltar risos durante a missa e em Abril o seu estado mental deteriorou-se e foi internada no hospital psiquiátrico local onde os médicos diagnosticaram a doença como esquizofrenia e depois de duas semanas de tratamento ela teve alta e ficou aos cuidados do mosteiro.
O padre Daniel chegou à conclusão que o problema de Irina não era apenas uma doença mental, mas que ela foi possuída Satanás, segundo ele, ela era violenta, espumava, rejeitava água benta, gritava e fazia gestos que indicavam uma presença demóniaca e insultou a igreja durante uma missa celebrada para a sua salvação. Padre apelou para que as irmãs não recurressem a mais médicos e tentassem cura-la através de orações, nas palavras dele, "os demónios não podem ser curados por pílulas", "trata-se do diabo e não de um distúrbio psíquico".
Então dia 10 de Junho, padre Daniel, a madre Nicoleta Sofia Arcalianu e três freiras - a irmã Simona Bardanas, a irmã Adina Lucia Cepreaga e a irmã Elena Otel - raptaram Irina para realizar um ritual de exorcismo. Eles amarraram os pés e as mãos de Irina e trancaram-na numa sala enquanto eles celebravam a Ascenção de Jesus, dias depois eles acorrentaram-na a uma cruz de madeira e levaram-na para a igreja. Os pulsos e testa dela foram ungidos com Crisma e foi mantida na igreja por três dias. Eles puseram uma toalha na sua boca para a impedir ela de injuriar e rezaram para que o diabo saísse do corpo dela enquanto molhavam-lhe os lábios com água benta. Irina depois foi levada para o seu quarto e removeram as correntes, o padre Daniel declarou-a como "curada", deram-lhe chá e pão (pois ela tinha sido privada de comer e beber), mas ela desmaiou, as freiras tentaram reanima-la mas o seu batimento cardíaco estava muito fraco, chamaram uma ambulância, mas ela morreu antes de chegar ao hospital.
Durante a autópsia foram encontradas as marcas das correntes nos pulsos e tornozelos da Irina, a autópsia concluiu que ela morreu por desidratação, exaustão e falta de oxigénio.
A Igreja Ortodoxa Romena fechou o mosteiro e, no mesmo ano, o padre Daniel, a madre e as três freiras foram detidos e processados por assassinato e privar a liberdade de uma pessoa. Em 2007, finalmente, o padre Daniel foi condenado a 14 anos de prisão e as freiras receberam a sentença de entre 5 a 8 anos de prisão. Depois a sentença do padre Daniel foi reduzida para 7 anos e, em 2011, saiu da prisão em liberdade condicional, depois de servir dois terços da sentença.
Depois de ele sair da prisão ele prometeu construir um mosteiro em memória de Irina, mas ao chegar a Zăpodeni, uma vila a 18km de Tanacu, onde iria ser construído o mosteiro, ele foi expulso pelos moradores da vila. Actualmente, o padre Daniel vive numa cabana na floresta e, entretanto, novas teorias surgiram e alguns alegam que Irina morreu de overdose de adrenalina injectada pelo paramédicos, mas isso realmente não importa 12 anos depois, não é verdade?
Este caso não só inspirou o filme The Crucifixion, mas também inspirou o filme După Dealuri, com o titulo Além da Montanhas no Brasil e Para Lá das Colinas em Portugal. O filme baseou-se num livro da jornalista romena Tatiana Niculescu Bran sobre o caso e estreou em 2012 no festival de Cannes, onde foi premiado com os prémios de melhor guião (roteiro) e melhor atriz.
O filme é um drama, não é de terror, mas vale a pena ver o trailer:
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